Você não precisa deixar de articular seu futuro por causa de dor nas costas
Sentir dores nas costas pode parecer algo comum — mas, em alguns casos, esse incômodo esconde algo mais. Entender os sinais do próprio corpo e buscar ajuda especializada pode ser o primeiro passo para retomar o movimento e articular novos futuros.
O que eu tenho: dor nas costas ou espondiloartrite axial?
A espondiloartrite axial (EpAax) é uma doença inflamatória crônica que afeta principalmente a coluna vertebral e a região onde ela se conecta à pelve¹.
Por ter início silencioso e sintomas semelhantes aos de dores nas costas comuns, o diagnóstico muitas das vezes pode demorar para ser descoberto e por isso, é muito importante que você consulte um reumatologista se os sintomas persistirem¹. Entenda a diferença:
- Pode ser decorrente de mau jeito, postura errada ou trauma
- Normalmente melhora com descanso
- Começa em qualquer idade
- Início variável, pode evoluir rapidamente
- Pode ser descrita como latejante
- Muitas vezes é causada por tensão ou lesão
- Início antes dos 40 anos de idade
- Instalação gradual dos sintomas
- Melhora com a prática de exercícios
- Não melhora com o repouso
- Presença de dor noturna que melhora ao levantar
A espondiloartrite axial é uma condição autoimune, que pode evoluir de forma diferente em cada pessoa e, se não for tratada, pode causar alterações permanentes nas articulações6.
Quando ficar atento?
Se você tem menos de 45 anos e sente dores nas costas há mais de três meses5, especialmente se a dor piora com o repouso e melhora com o movimento, vale procurar um reumatologista. Outros sinais de alerta incluem:
Identificar esses sinais precocemente pode fazer toda a diferença para preservar a mobilidade e a qualidade de vida6.
Diagnóstico e acompanhamento
O diagnóstico da EpAax é feito por meio da avaliação clínica detalhada, exames laboratoriais e de imagem. Existem duas formas principais da doença3:
O acompanhamento contínuo com um reumatologista é essencial para controlar a inflamação e prevenir a progressão da doença. Com o tratamento certo, é possível manter a mobilidade, reduzir a dor e viver com mais autonomia.4
Essa dor vai passar?
As espondiloartrites são condições crônicas, o que significa que não há cura destas doenças, mas viver bem e recuperar a qualidade de vida é possível7,8. Por isso, é importante buscar o mais alto nível de controle da doença9, incluindo:
O gerenciamento precoce, eficaz e abrangente da doença é fundamental para reduzir o risco de incapacidade funcional e melhorar os resultados do seu tratamento11.
Conversar com um/uma reumatologista é o primeiro passo. Como fazer isso?
Quanto mais você entende sua condição, mais preparado está para participar das decisões sobre seu tratamento e um/uma reumatologistas é seu/sua melhor aliado(a) para ajudar você a assumir o controle do sua condição de saúde criando um plano de tratamento personalizado para ajudar a gerenciar seus sintomas e controlar sua doença.
Baixe a cartilha do paciente para entender descrever seus sintomas, quais perguntas fazer e quais informações levar para a consulta.
Referências
1. BRAUN, J.; SIEPER, J. Axial spondyloarthritis: Clinical features, classification, and treatment. Journal of Arthritis, v. 4, n. 1, 2015.
2. Sieper J, Rudwaleit M, Baraliakos X, Brandt J, Braun J, Burgos-Vargas R, Dougados M, Hermann KG, Landewé R, Maksymowych W, van der Heijde D. The Assessment of SpondyloArthritis international Society (ASAS) handbook: a guide to assess spondyloarthritis. Ann Rheum Dis. 2009 Jun;68 Suppl 2:ii1-44. doi: 10.1136/ard.2008.104018. PMID: 19433414.
3. DOUGADOS, M. et al. Understanding the paradigm of non-radiographic axial spondyloarthritis. Clinical Rheumatology, v. 39, p. 3311–3317, 2020.
4. VAN DER HEIJDE, D. et al. The early course of radiographic progression in axial spondyloarthritis. The Journal of Rheumatology, v. 52, n. 2, p. 116–123, 2025.
5. Sieper J, van der Heijde DM, Landewe RB, Brandt J, Burgos-Vargas R, Collantes Estevez E, Dijkmans BAC, Dougados M, Khan MM, Leirisalo-Repo M, van der Linden SC, Maksymowych WP, Mielants H, Olivieri I, Rudwaleit M. New criteria for inflammatory back pain in patients with chronic back pain: a real patient exercise by experts from the Assessment of SpondyloArthritis international Society (ASAS). Ann Rheum Dis. 2009;68(6):784-788. doi:10.1136/ard.2008.101501
6. Inman RD. Axial Spondyloarthritis: Current Advances, Future Challenges. J Rheum Dis. 2021 Apr 1;28(2):55-59. doi: 10.4078/jrd.2021.28.2.55. PMID: 37476012; PMCID: PMC10324891.
7. Smolen JS, Braun J, Dougados M, et al. Treating axial spondyloarthritis, including ankylosing spondylitis and non-radiographic axial spondyloarthritis, to target: recommendations of an international task force. Ann Rheum Dis. 2017;76(6):978-991. doi:10.1136/annrheumdis-2016-210170
8. van der Heijde D, Ramiro S, Landewé R, et al. 2016 update of the ASAS-EULAR management recommendations for axial spondyloarthritis. Ann Rheum Dis. 2017;76(6):978-991. doi:10.1136/annrheumdis-2016-210770
9. Ward MM, Deodhar A, Akl EA, et al. American College of Rheumatology/Spondylitis Association of America/Spondyloarthritis Research and Treatment Network 2019 guidelines for the treatment of ankylosing spondylitis and nonradiographic axial spondyloarthritis. Arthritis Rheumatol. 2019;71(10):1599-1613. doi:10.1002/art.41042
10. Sieper J, Poddubnyy D. Axial spondyloarthritis. Lancet. 2017;390(10089):73-84. doi:10.1016/S0140-6736(16)31591-4
11. Braun J, Sieper J. Early diagnosis and treatment of axial spondyloarthritis. Nat Rev Rheumatol. 2016;12(12):703-713. doi:10.1038/nrrheum.2016.188